O director do Museu Leopold de Viena, que alberga vastas colecções de artistas austríacos como Egon Schiele e Gustav Klimt, demitiu-se na sequência de uma polémica que envolve arte saqueada pelos nazis. Tobias Natter disse que não podia continuar no museu depois de a maioria dos membros mais importantes da sua equipa se terem juntado a uma nova fundação associada ao filho ilegítimo de Klimt, o realizador Gustav Ucicky, cujas obras incluem propaganda nazi.
A chamada Fundação Klimt tem 14 obras do pintor – quatro pinturas a óleo e dez desenhos. A propriedade de pelo menos um, um retrato de Gertrude Loew, é disputada há anos pelos herdeiros de Loew, que dizem que ela foi roubada pelos nazis e a querem reaver.
O Museu Leopold tentou recentemente encetar um novo capítulo na sua história depois de ter combatido inúmeras alegações – e, em alguns casos, chegando a acordo financeiro com os herdeiros dos proprietários judeus de obras de arte roubadas depois da anexação da Áustria por Hitler em 1938. Muitas foram vendidas em leilão em Viena depois de 1945 e depois compradas ao seus novos proprietários por Rudolf Leopold, que começou a coligir a sua colecção nos anos 1950 e resistiu às reclamações de restituição até à sua morte, em 2010.
No ano passado, o museu chegou a acordo quanto a uma reclamação sobre Houses by The Sea, de Schiele, feita pelos herdeiros de Jenny Steiner, proprietária de uma fábrica de seda cuja valiosa colecção de arte foi apreendida pelo regime nazi em 1938. “É uma triste verdade que há anos que o museu era conhecido em todo o mundo por ser sinónimo de arte saqueada. Por que é que devíamos conspurcar-nos outra vez com este tema?”, perguntou Natter numa entrevista telefónica com a Reuters.
Fonte: Público