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“Gravidade” de Alfonso Cuáron, por César Nóbrega

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A ficção científica anda com falta de ideias. Filmes como “2001 – Odisseia no Espaço” de Stanley Kubrick

http://www.youtube.com/watch?v=N6ywMnbef6Y

ou “Blade Runner” de Ridley Scott

marcaram gerações. Agora, estamos destinados a ver remakes de remakes ou super-heróis a voar e a partir coisas. Os criadores da ficção científica acham que a tecnologia responde a tudo. Mas não! Ainda há quem goste de ficção científica a sério. Apesar de “Gravidade” de Alfonso Cuáron não ser uma versão ficionada de “Cosmos” de Carl Sagan

http://www.youtube.com/watch?v=9pWyxjS14DY

é mais satisfatório do que qualquer outro “blockbuster” do género que tenha sido lançado. Não por acaso tem gerado alguma discussão no meio da comunidade científica. Por exemplo, o astrofísico Neil Tyson, director do Planetário de Nova Iorque, que costuma “tweetar” todos os erros dos filmes de ficção científica que se aventuram a passar pela sua sala de cinema, veio dizer que o filme se deveria chamar “Gravidade Zero”, porque o cabelo de Bullock deveria flutuar e o lixo espacial anda ao contrário. Também, é mentira que as três estações espaciais (a europeia, a russa e a chinesa) estejam tão perto umas das outras, em linha de vista. O que interessa, contudo, é o que o filme potencia e sugere. O silêncio. Uma metáfora para a vida.

http://www.youtube.com/watch?v=CZGRI5wQ-5k

A doutora Ryan Stone vai reparar o telescópio Hubble, quando uma tempestade cósmica iniciada com a destruição pelos russos de um satélite próprio, vai desencadear uma série de acontecimentos próximos da tragédia. O argumento podia ser mais elaborado, ou mais complexo, mas às vezes a vida é assim. Sem complicações mas dificil. Sem sonhos quando se parece viver num sonho.

Sandra Bullock prova a boa actriz que é, e que vimos em “The Blind Side”.

http://www.youtube.com/watch?v=dJ3kwMq18-8

O realizador mexicano, Alfonso Cuáron, que chocou muitos em 2001 com “E a Tua Mãe Também”

http://www.youtube.com/watch?v=3Qg6n7V3kO4

vem construindo uma carreira sólida em torno de filmes dignos. De “Os Filhos do Homem” (outro filme de ficção cientítica muito interessante, mas mais virado para a acção)

http://www.youtube.com/watch?v=2VT2apoX90o

a “Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban”.

http://www.youtube.com/watch?v=lAxgztbYDbs

Se vai à espera de grandes naves, maiores explosões e piadas fora do contexto, procure noutro lado. “Gravidade” é simples e, por vezes, vibrante.

Uma última palavra para o 3D. Depois de “Avatar” de James Cameron (que já disse ser este um dos seus filmes de ficção científica favoritos) e de “Pina” de Wim Wenders, que não via um filme que precisasse tanto da tecnologia (que não gosto). A profundidade e o silêncio consomem-nos profundamente, e fazem-nos pensar o que será o futuro com tanto lixo (espacial ou não) a vaguear por aí.

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